quarta-feira, 26 de julho de 2017

Contos: O Nascido da guerra


"  - EU - SOU - A - GUERRAAAAAA !!!  "



Não é todo dia que nascemos adultos, não é todo dia que nascemos com um propósito, não é todo dia que nascemos para a guerra... Queria nascer criança, brincar, sorrir, dançar na chuva, ter amigos, contar segredos, mas infelizmente não sei o que é isso. Não sei o que é ter carinho de mãe, muito menos um abraço de um pai, mas uma coisa eu sei muito bem, eu sei que pertenço a guerra, E FOI PRA ISSO QUE NASCI !!

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A noite era fria, minha visão estava turva e não sabia ao certo o que estava acontecendo e aonde estava. Sentia o calor do fogo de uma fogueira atrás de mim, mas sentia o frio da noite ao meu redor, e areia abraçava quase toda minha pele.
Minha visão começava a se ajustar e eu pudi focar minhas mãos, e ela estava vermelha como um metal nobre que acabara de sair da forja, não sabia como e não pude descrever o por que; Mas eu nasci do fogo e minha história começou aqui!
Olhei para céu e pude ver muitas estrelas, mas ao longe pude ver uma densa nuvem negra que saiam raios e trovões da mesma. Pude sentir em minha alma que era um mal pressagio, não sabia como, mas eu sabia...
Levantei e andei sem rumo, não sentia fome, nem sede e muito menos frio. A cada passo que eu dava as areias trincavam em vidro aos meus pés, e cada respirar o ar condessava nas minhas narinas em nuvens de vapor.
Caminhei mais um pouco e de longe notei homens e mulheres de preto saltitando em volta de uma fogueira, me aproximei ainda Nu e eles se afastaram de mim e olhavam espantados de medo. O chá da dúvida atormentava suas mentes e ouvi murmúrios se questionarem

- É ele mesmo? Não é possível... Não é possível...

Um ancião de túnica escura e cajado se aproximou a mim e disse:

- Nossas preces foram ouvidas, Âmbar, a deusa do fogo o enviou, filho da Guerra. O grande gigante de gelo, Árac, está marchando por toda Garderion e vindo para nosso deserto, a intenção dele é transformar tudo em gelo e morte. Nós clamamos por alguma ajuda mas todos nos rejeitaram, todos... Mas o fogo... As chamas de Âmbar queimam dentro de nós! Muito Obrigado!

Aquele foi o primeiro abraço que senti, não pude entender o que estava acontecendo, mas o homem se afastou rápido devido ao meu calor.

- Mas o que está acontecendo, eu não consigo compreender.. - Disse ao sábio

- Uma tempestade está vindo, humano... Uma tempestade que fará tremer as fundações de seu povo e determinará o destino de toda criação.

Então ele me virou em direção a tempestade, pós seu cajado em minhas mãos e continuou.

- Tudo que eu tenho eu te dou, através deste cajado poderá ajudar o que um dia chamei de povo. O mundo precisará mais, faça que eles vejam e sintam o valor do que eles buscam.

- E o que eles buscam... - Continuei perguntar sem entender

- Guerra... Faça-os entender que não há paz sem guerra, não há sacrifício sem sangue. Deixe-os se afogar no próprio pavor e medo, que eles possam sentir a sombra da própria alma queimar com o TEU FOGO!

O velho tocou minha mão testa com as duas mãos me empurrando para trás, e pude sentir minha alma sair do corpo. Visões dum futuro próximo e de um passado já perdido vieram a minha mente e de repente tudo fazia sentido. Pude ver vidas sendo perdidas, sangue sendo derramado, e um grande trono ao qual o gigante estava sentado. E no alto do trono estava escrito " Vingança ". Senti meu espírito voltar ao meu corpo então segurei o pescoço do ancião com força, o sufocando enquanto eu gritava.

- EU - SOU - A - GUERRAAAAAA !!!

O ancião gritou de medo, mas em seguida de dor pois seus olhos estouraram em chamas e seu corpo se transformou em pó, logo tudo que estava ao meu redor também se foi uma explosão de chamas.
Já estava de joelhos sentindo o poder pulsar em meu peito, e notando como toda aquela areia se transformou em vidro. então tomei o cajado nas mãos e surrei as últimas palavras do sábio:

" Uma tempestade está vindo... Uma tempestade que fará tremer as fundações de seu povo e determinará o destino de toda criação "

Então levantei e marchei em direção a tempestade, determinado em terminar o que o gigante começou: A guerra...

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