Meus olhos são a chama, minha alma o fogo...
Khoren o grande mestre tinha seu rosto fustigado pela chuva forte, estava em seu terceiro cachimbo e ainda aguardava a chegada do exército inimigo. Sua missão era simples, um homem contra dez mil soldados de Zar, ele devia impedir que seguissem para que as pessoas da nação de Falkar conseguissem fugir da invasão, batedores já tinham vindo na frente para anunciar a Grande Dominação, e infligir medo, e agora ele vinha em sua força total.
A dia começava a raiar, a grande chuva agora se resumia a uma fina garoa irritante, velando o corpo de Khoren e foi então com os primeiros raios de sol que ele avistou a linha inimiga vindo em sua direção pelo vale. Eles estavam marchando sem parar, mas todos assustados, ficaram sabendo que enfrentaria um dos grandes mestres, um defensor das terras dos homens.
— Avante soldados, não é hora para medo de um único homem — Berrava o comandante da tropa.
E eles marcharam.
Mas não eram homens, sim eram soldados, mas espíritos decaídos, que emergiram da escuridão sob as ordens de um ser mitológico que havia surgido, o Dominador.
Somente usuários de magia eram capazes de derrotar os soldados do Dominador, e ele já havia se encarregado da maioria deles com seus demônios assassinos, seres que se misturam com as sombras e tem uma excelente aptidão para matar. Armas embebidas de magia também funcionam, mas não havia tempo para fazer isso, os poucos feiticeiros restantes do reino estavam auxiliando na evacuação e na proteção da população. Khoren era o único que restara e também era o único com alguma chance de realmente conter por um tempo a invasão.
— Ninguém poderia estar aqui para ver o que estou prestes a fazer mesmo, eu acabaria matando inocentes, sozinho vai ser a única forma de liberar meu poder sem medo - disse Khoren sozinho enquanto os soldados se aproximavam
— Mantenham a linha! E avancem!
Os soldados vinham marchando, batendo suas lanças negras em seus escudos também negros, numa vã tentativa de intimidar o grande mestre vermelho.
Khoren se firmou no chão como uma rocha e preparou-se para o encontro com a linha inimiga que vinha em sua direção, ele realmente era um homem intimidador, alto, muito forte com músculos dignos de um fisiculturista, cabelos vermelhos como fogo e horrendos olhos vermelhos como sangue, que já cintilavam com o entusiasmo da batalha iminente. Ele carregava uma lâmina longa em suas costas e uma mais curta em sua cintura, desembainhou as duas e se preparou para o ataque.
Dez mil soldados cercaram e começaram o ataque, Khoren habituado a séculos de batalha já não sentia mais medo e sempre se divertia com a matança de inimigos.
Um estrondo, um relâmpago vermelho e Khoren surge na retaguarda da tropa e vem ceifando um soldado de cada vez. Matava com precisão cirúrgica, como alguém que nascera para isso.
Estava animado, excitado com a batalha, sabia que não tinha muitas chances de sair de lá inteiro lutando sozinho, mas não se importava, morreria matando esses desgraçados e para ele isso era o suficiente
Horas e mais horas de luta intensa, os números do inimigo pareciam não diminuir, ele teria que mudar de estratégia, usar sua forma mais poderosa, mas essa transformação demoraria um pouco para se completar, a mais de cem anos não se transformava.
— Venham desgraçados já provaram de minha lâmina e agora irão provar de meu fogo! Dovah! — E dita esta última palavra seus olhos se incendiaram, suas pupilas vermelhas se tornaram um globo de lava infernal e ele cuspiu fogo, como não fazia a muito tempo e sentiu aquela maravilhosa sensação de poder e o delicioso gosto do fogo. Aquilo causou pânico nas linhas inimigas e dezenas de soldados foram pulverizados instantaneamente enquanto algumas centenas deles agonizavam em chamas numa cena dantesca, digna de uma visão do inferno, os campos verdejantes de em que lutavam se tornou um campo de dor, fogo por todo lado, morte, destruição, libertação.
Khoren se sentia liberto!
A cauda reptiliana já estava pronta, suas mãos já tinham se transformado em garras, sua pele adquire a aparência de um lagarto e de sua cabeça saiam varios chifres. Agora ele lutava com as mãos limpas, rasgando os inimigos com suas afiadas garras e cuspindo fogo neles
Mais uma explosão ao redor de khoren uma grande nuvem de fumaça encobre a área, nada se vê.
Um esquadrão de necromantes do Dominador chega para socorrer o exército e encontra destruição e fumaça, os poucos soldados sobreviventes estavam se organizando e começaram a procurar o inimigo no meio daquela desolação, quando a fumaça começa a ser sugada para o alto, ela estava se aglomerando em um único ponto, junto com a fumaça ia o fogo, fogo que estava no chão, nos corpos e em qualquer lugar era sugado para o céu.
Algo estava devorando o fogo e a fumaça.
Quando finalmente viram o que estava devorando o fogo e a fumaça. Um dragão, imenso, vermelho e olhos de lava, suas asas eram gigantes e ele possuía vários chifres brotando de sua cabeça e sua calda.
E tudo escureceu. Ele mergulhou cuspindo fogo nos soldados.
O fogo era tão forte que derretia as lâminas dos soldados, seus corpos eram pulverizados. Os necromantes eram os únicos que tinham alguma chance de se defender, criando escudos através de magia, mas, mesmo assim muitos deles morreram carbonizados.
O rugido ensurdecedor do dragão anunciava a morte.
O dragão vermelho era Khoren. O último guardião de que se tinha conhecimento, todos os outros haviam desaparecido a séculos atrás.
E ele lutava, lutava ferozmente, uma besta indomável que destruiria aquele exército mesmo estando muito fraco, mesmo sabendo que não sustentaria aquela forma por muito tempo.
Um relâmpago vermelho e ele aparece em outro lugar, dilacerando e incendiando outros soldados que se agrupavam, mais um relâmpago vermelho, ele surge num grupo de necromantes exterminando todos eles. Mas ele não aguentaria muito tempo, tanto os ataques físicos quanto os mágicos estavam acabando com ele, minando o resto de seu poder, seu fogo perdia intensidade. Até que foi atingido por mais uma explosão de magia e suas asas foram dilaceradas, ele despencava, pensando em como havia falhado, pedindo perdão ao mundo.
A chuva retornou. O mundo se aquiesceu, todo criatura se calou, em respeito a Khoren, o último guardião, que despencavam do céu, derrotado, ferido mortalmente, seu fogo logo se dissiparia, sua existência se apagaria e sua consciência iria vagar para véu. Agora não adiantava mais, estava cercado pelos necromantes e suas máscaras de demônios, eles conseguiram derrotar o Grande mestre vermelho.
— Seu Dominador nunca conquistará esse reino! — Rugiu Khoren
— Esta terra já é nossa, cavaleiro dragão, você era o último obstáculo para nosso triunfo, mas aqui está você, uma lenda caída diante de nossos pés, derrotado, prestes a morrer — Gabou-se o líder daquela divisão de necromantes.
— Não vencerá, A Ordem Irá retornar!
— Não seja tolo humano, sua raça será dominada e irá nos servir como escravos — E então o líder dos necromantes transpassa uma espada em seu peito — este é o futuro de sua raça!
— Meus olhos são a chama, minha alma o fogo...
— Pare! — Gritou o apavorado líder dos necromantes.
— Capitão o que ele está fazendo?
E Khoren continuou o feitiço:
— Meu corpo serve a vida e a luz, espíritos da Ordem deem a esse corpo moribundo a chama final, queimem meu espírito! — Dito isto seus olhos voltaram a ser lava, seu corpo moribundo se incendiou e se desfez numa explosão gigantesca, incinerando todo o exército do Dominador que se preparava para invadir o reino, toda a área num raio de quilômetros vou incinerada e tudo reduzido ao pô; esse foi o motivo de Khoren ter interceptado e exército em área tão remota.
Quando o fogo começou a abrandar foram observados raios de várias cores e espectros dos antigos cavaleiros da Ordem carregando sua alma. O último Grande Mestre da Ordem deu sua vida para salvar o reino de Falkar, khoren dizimou um exército sozinho.
Mas era possível observar outra coisa, uma esfera negra estava lá, e começou a ser desfeita, era uma esfera de magia negra e dentro dela uma pessoa se abrigava... O Dominador estava lá o tempo todo oculto observando a batalha e aumentando os poderes de seus necromantes com sua própria magia. E ele sobreviveu a explosão de Khoren se entocado em um casulo negro de feitiçaria.
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( Conto escrito pelo aventureiro: Lucas Thalles. )
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