quarta-feira, 26 de julho de 2017

Contos: O guerreiro protetor


Então ele caminhou, determinado. Pois ali, diante da presença de um deus convicto à destruir Estava um Guerreiro... um Guerreiro ordenado a proteger."


O poder. Sim, o poder era motivo para tudo, e para a queda de todos. Os impérios estavam em declínio, as grandes famílias de nobres guerreavam entre si, e os inimigos mesclavam-se de maneira que não havia mais um bem comum, ou todos em busca de um só objetivo. A terra entrara em uma fase de puro terror, onde todos voltavam-se contra todos, em um ciclo infinit
o de ódio e ambição.
Muitos contos eram erguidos, muitas suposições feitas. Porém, a verdade imutável era que ninguém sabia ao certo o núcleo de toda aquela praga aterrada sobre a humanidade nas últimas décadas. De fato, nenhum ser comum sabia. Afinal, grandes segredos são guardados por grandes fontes. Mas, o personagem desta história poderia apenas de forma errônea ser considerado um ser comum. Pois nem de longe sua essência assemelhava-se a algo tão banal quanto a vida humana. Ele nascera para ser mais, vivera para fazer a diferença. Ninguém o havia visto para ter certeza de que existia, mas todos acreditavam. Um ser extra-planar, um Cavaleiro nascido não do barro, e sim da vontade. Constituído não por carne, osso e elementos mortais. E sim, pelo próprio Éter. Toda sua essência divina era contida dentro da armadura de Horthgar, um metal escuro forjado pelos próprios deuses do plano superior. Seu nome? Não existia. Era apenas apelidado pelos crentes de sua existência carinhosamente como Ufir, o Guerreiro deus.

Ufir sabia exatamente de onde era proveniente a maldição que decaíra sobre a humanidade. Porém este conhecimento não lhe aliviava nem sequer os músculos. Afinal, sendo criado para defender a humanidade, tinha de intervir. Porém tinha receio de intervir naqueles planos que não eram apenas malignos, como também divinos. Sabia que a maldição fora rogada por Outhgar, senhor do mundo dos mortos. Um deus morto, um rei lich, um mito esquecido ou acreditado, independente do que realmente fosse, Ufir sabia o que teria que enfrentar. E pela primeira vez sua essência tremeu. Não por medo do combate. Mas pelo medo de falhar. Porém sua mente era engenhosa e aprendera com o tempo sobre os sentimentos, passando a senti-los. Sabia que se tentasse, teria a possibilidade de falhar. Mas se não tentasse, já teria falhado. Não apenas consigo mesmo, e sim com toda a raça que residia na terra, do qual ressaltando, era responsável por defender.

E fora preenchido com esta certeza e dever que Ufir, o Guerreiro deus descera aos planos inferiores e com um único chute frontal, suficientemente forte para abalar a estrutura dos planos terrestres, escancarou os portões do inferno. E para sua surpresa, não necessitaria de ir à caça. Pois sua presa estava ali, à sua espera. Outhgar, o deus caido. Sua pele definhada, com ossos e pedaços de carne expostos, intercalada à magia negra que existia na própria composição de seu corpo era algo assustador. As chamas corriam em trilhas por sua estrutura corpórea, estando ausentes apenas na mancha negra por debaixo do capuz, onde seria a face do deus. Seria. Pois ali pairavam apenas os olhos impiedosos e vitoriosos de um deus que caminhara até ali para vencer. E naquele momento, Ufir sorriria, se possuísse lábios. Mas como não os tinha, sentira apenas a sensação de plenitude que o invadira. Seu escudo foi firmado no punho, a lâmina pressionada por entre os dedos.

Então ele caminhou, determinado. Pois ali, diante da presença de um deus convicto  à destruir. Estava um Guerreiro... um Guerreiro ordenado  a proteger.

[...]

E a humanidade passou durante 72 dias seus maiores tormentos, enfrentou suas maiores catástrofes, seus maiores fenômenos da natureza, enquanto ao mesmo tempo sua terra fértil prosperava, suas doenças se curavam e o céu parecia ser disputado pelo tempestuoso e o ensolarado.
Mas ao fim destes dias, a paz reinou. As raças prosperaram, reproduziram-se, a vida voltou a ser bela. Enfim, a maldição fora quebrada, e o reino dos mortos não voltaria a atormentar, pois estava em dívida com a terra. Uma divida adquirida em um combate, entre um deus perdedor movido pela ambição, e um guerreiro vencedor movido pelo simples e puro desejo de proteger!

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