terça-feira, 6 de dezembro de 2016

A ascensão da nova Ordem, os Lordes do Pavor.





Em Garderion , há um cúpula secreta denominada como Lordes do Pavor, ao qual são compostas por 13 membros mestres que possuem tamanho grande poder, suficientes para que sozinhos cada um tenha o potencial de devastar um IMPÉRIO. Cada Lorde do Pavor tem uma habilidade diferente e função na ordem, que tem como líder o Lich Oz. Seus soldados, geralmente andam em trio e quando juntos podem devastar exércitos.


Parte 1: O princípio da magia


O surgimento dos Tsun'dao não fora algo discreto, muito menos pacífico... Quando eles vieram, o mundo ficou escuro por três dias, e 3/4 da vida humanoide na terra fora devastada.
Seria muito simples dizer que o atual Lich, Oz, veio da sarjeta das vielas da capital Irahorn e em seguida por sede ao poder decidiu fazer atos sombrios, mas não, ele era da nobreza.
Isso tudo aconteceu a 3 mil anos atrás, quando o mundo foi criado. Como os humanos foram criados pelo deus da magia, grande parte deles na época sabiam usar bastante seus feitiços, já que em suas veias estavam os índices mágicos dos primeiros Magis. Por esse motivo a civilização era muito avançada, tarefas braçais difíceis eram extremamente simples de serem compreendidas com magia, tornando a civilização antiga muito avançada.

A princípio, Oz era uma mago fraco, humilhado e desprezado por todos numa sociedade repleta de ódio, avareza e orgulho, onde cada um ditava as regras e humilhava outros que não possuíam dons mágicos. Oz era sangue puro, sendo Puzzur capitão da guarda real ( e mago )  e sua mãe uma vidente. Para maior desprezo da sociedade, muitos cochichavam e o desprezavam; " como um descendente de Myr não consegue lançar um simples feitiço? Garoto desprezível"
Oz não sabia contar o número de vezes que se trancava em seu quarto na fortaleza e chorava, amaldiçoando os deuses por serem tão ruins para com ele. Noites passara em Claro estudando e tentando realizar feitiços, e dias perdidos em mais estudos.
Certo dia, o aprendiz com seus 17 anos decidiu fugir de casa e se aventurar em outras terras, não queria mais sofrer tanta humilhação, gostaria de fugir para onde ninguém o conhecesse e forjar uma nova vida. Então ele fugiu para um lugar onde nós conheceríamos como floresta amaldiçoada.
Lá fez uma pequena cabana e viveu da caça durante alguns anos, e nas noites estudava o quanto podia e quanto tinha. Naquele tempos ninguém o encontrou, com exceção de uma senhora que ele encontrou mexendo em sua mera plantação de rabanetes. A velha disse que o conhecia, disse de todo o passado de Oz, e também comentou que era uma poderosa vidente que poderia ajudar a ser forjado pela mana de Myr, o garoto se empolgou com a ideia, como a velha não tinha lugar para ficar, ambos ficaram juntos naqueles lugar, construíram uma casa no alto de uma árvore bem alta e dali e começaram seus treinos. E acreditem, a mulher conseguiu ensina-lo a conjurar seus feitiços. Mas neste treinamento ela esboçou todo seu ódio, disse o quanto odiava esses seres arrogantes que não ensinavam a ninguém os caminhos Magis, que a energia que eles fazem estariam erradas e não deveriam ousar dizer que oque fazem era chamado de magia, porém truques, dissera que a magia devia surgir de um meio, sendo natural ou de rituais, A energia deveria fluir do solo, e ser emitida para o ar, Misturar elementos e energias diferentes até conseguir o feito. Aquilo entrou no coração de Oz e ele também sentiu ódio, se viu como a figura ferida da sociedade, e a partir disso a velha viu que ele tinha um potencial grande, assim o ensinando rituais secretos e necromancia.  Naquela cabana nasceria a criatura mais poderosa que andou pela terra, e com toda certeza, a que decidiria o destino da humanidade...

10 anos depois... 

Oz tinha voltado a cidade totalmente diferente, com mantas pesadas e escuras, barba longa e grossa e com de 27 anos, ninguém podera o reconhecer.
No meio de tantos ele fez amizades com alguns Magis e dentro destes ele escolheu secretamente doze pessoas ao qual contaria seu ideal de poder. Sim, os doze amaram aqueles palavras e gostariam de aprender o poder verdadeiro, a cobiça do proibido e do secreto apenas crescia. Então em secreto Oz e sua Mestre os treinaram em sua cabana ( longe demais para qualquer um desconfiar ou encontrar ), durante alguns anos, até ele visse que o que eles aprenderem não seria em vão. ( passaram 10 anos de ensino)
Os doze decidiram chamar Oz de mestre e líder, e que preferiam morrer que o trair, o aprendiz que agora era mestre viu que a atitude era sincera. Mas ele queria mas que simples palavras... Queria atos... Então Oz pediu para que todos celassem com ele um pacto de sangue, e em suas almas uma dívida de vida, onde eles só teriam liberdade quando Oz morresse. Todos fecharam o acordo, mas Oz queria mais... Ele precisava de súditos para o resto de tempo da terra, mas como enganar a morte? Sua Mestre, Yama`Gur gostou do que ouviu e ofereceu a Oz uma proposta...

 "  Somente  uma vida poderá para pagar por outra, meu aprendiz... E como vocês sabem muito, uma vida não basta pó si só... Precisarão de uma nação, um reino, uma terra... Depois disso, lhe darei a imortalidade " 
 Oz sorriu e gostou do que ouviu, eles tinham potencial poder para tal,  e a cobiça necessária para tamanha responsabilidade. Seus discípulos que estavam apreensivos não poderiam fugir agora, pois suas vidas pertenciam por pacto de sangue a seu mestre. 
No dia seguinte eles partiram para a capital, juntamente da Mestre Yama'Gur.

Pararam a alguns quilômetros  da cidade e deram as mãos, em um círculo, então começaram a entoar cânticos em uma língua desconhecida... O vento soprou forte e suas capas negras balançavam como sombras, no lugar aonde estavam, tudo ia secando aos poucos pela energia consumida pela magia, e conforme o cântico continuava nuvens se formavam e relâmpagos saiam delas com fúria, e o dia se tornava noite, e do céu uma grande bola de fogo caiu na cidade destruindo parte da mesma, todos deram uma gargalhada estridente naquela "noite" recém formada, então eles teleportaram para dentro da cidade. Mas não num teleporte comum, quando eles teletransportaram no local ouve uma onda de pressão e toda vida existente em um certo raio morreu e a energia daquelas almas vieram para eles, o fortalecendo cada vez mais... E dali sacaram suas varinhas para o invisível, e a grande guerra começou...


Parte 2: O novo rei



E assim os Bruxos permaneceram por 5 minutos, entoando cânticos e usando proteções a sua volta,  esperando ansiosamente para que tropas chegassem até eles. No meio do círculo,Oz permanecia imutável, de olhos virados e com as mãos em posição de receber, a sua volta pedras e sujeira se afastavam de sua proximidade, e quem olhava para cada um daqueles bruxos, veria uma aura arroxeada que fazia um leve contorno em volta de cada um, uma cúpula púrpura e translúcida também surgira na volta dos 13, para lhes dar uma proteção a mais.
Dezenas de homens chegaram no lugar cercando por todos os lados O círculo de bruxos. Os soldados traziam consigo armas corpo a corpo e distância, muitos estavam a par carregando grimórios e pergaminhos, alguns até mesmo já entoavam cânticos bem baixos e arqueiros permaneciam com arcos posicionados, caso houvesse objeção.
O silêncio pairava o ar e ninguém fazia absolutamente nada, havia apenas o pavor no rosto de cada um. Alguns que conseguiam murmurar se perguntavam; " Como eles mataram todos dentro do quarteirão? Não faz sentido! " " Quem é aquele bruxo no meio? Parece ser o mestre deles... " " Espero que não morramos.. ". Mas uma voz mais alta do o silêncio e os murmúrios gritou do meio da multidão.
- Por Ordem do rei, dos deuses, e a respeito a vida, rendam-se agora ou morreram!
Oz instantaneamente saiu de seu transe e retornou a realidade, então puxou a varinha lentamente e sorriu debochadamente.

- Nos matar... Acha que seria possível? Não se pode matar o que está morto, muito menos dar a vida pelo que não existe. A morte é apenas um começo meu rapaz... - Disse Oz , saindo do meio e indo para frente do círculo, ao lado a velha mestra. - Se tiver honra, saia do meio da multidão e venha falar comigo de frente a sua tropa.
Então um homem emergiu dos soldados que usavam armaduras douradas, sua armadura era similar a dos guardas, porém mais rebuscada, com detalhes prata, em seu peito um emblema com grifo simbolizava glória e poder, sua barba já estava branca pelo tempo, e atrás de seu elmo que fechava todo seu rosto  somente era possível ver olhos azuis, em suas mãos estava um montante de guerra também da cor da armadura. O capitão da guarda real parecia até mesmo um guerreiro celestial.
O coração de Oz palpitou e quase saiu da boca, a pressão em sua cabeça subiu e ele sentiu algo que não sentia a mais de 20 anos, saudade e amor. A sua vontade era correr na direção de seu pai e dar um abraço apertado, lembrava dos momentos que esteve com ele e que nenhuma das vezes houve desprezo, muito menos vergonha do filho, passara varias noite em claro com o Oz para lhe ensinar um feitiço sequer. Mas lembrou das palavras de Yama`gur;" Não deverá amar mais ninguém! Esqueça essa palavra! Ela só serve para lhe deixar fraco, desprezível! Não existe amor na magia, para ela realmente ter poder você não deve ter piedade, e muitos menos apreço por alguém... Chegará um dia, jovem aprendiz, que para você se tornar um grande mestre deverá me sacrificar, mas o resultado nunca será produtivo se em seu peito ainda existir AMOR! "
Então voltou a si, e crispou os olhos.
- Então, papai, que saudades do senhor, parece que me tornei forte, não? 
Puzur tremeu, suas pernas bambearam  e em seu peito teve a sensação de querer abraça-lo novamente, mas infelizmente pelos crimes agora cometidos ele deveria ser rude. Também não acreditava muito que seu filho estivera vivo, já que haviam passado 20 anos.
- Eu não possuo filhos, bruxo. Agora renda-se, ou sofrerá com a nossa ira! - Ao dizer soltou um grito de guerra e todos a volta fizeram o mesmo e bateram com lanças no chão e espadas em escudos.
- Ira!? Vocês não sabem o que é ira! Nunca foram desprezados, nunca sentiram como é na pele viver como um ninguém, NUNCA TER UM AMIGO! - Disse e gritou um feitiço na direção de Puzur, um raio vermelho com centelhas verdes, mas um feitiço de proteção que a tempos atrás conjuraram salvou a vida do soldado. 
Arqueiros disparam flechas na direção dos inimigos e a Oz, as flechas que voaram na direção do círculo foram repelidas pela cúpula, as que foram na direção de Oz ele apenas levantou a varinha e todas que tentavam o tocar se transformavam em cinzas e como pó iam ao chão. 
- PAREM DE ATACAR! CESSEM O ATAQUE!- Disse o capitão e rapidamente os soldados pararam.
- Esse é o poder que vocês possuem, papai? Mas que desprezível! - Disse e soltou uma gargalhada. - Papai, onde está a mamãe?
- NÃO ME CHAME DE PAI,  VERME! MUITO MENOS VOCÊ POSSUI MÃE!
Aquelas palavras machucaram o coração de Oz, e em seu peito veio um ódio inconfundível brotou.
- Maldito! - Gritou um feitiço e apontou a varinha , um fita dourada foi na direção de Puzur e quebrou todos os feitiços de proteção, acertando o peito do capitão e o fazendo cair de joelhos gritando de dor.
- Ouça seu capitão, não ataquem!- Todos gritaram mas não atacaram, um dos soldados do lado tentou levantar seu líder, mas ao toca-lo também caiu no chão de joelhos e gritando de dor.
-ME DIGA AGORA, SEU MALDITO BASTARDO, ONDE ESTÁ MORGANA?!
Contra sua própria vontade Puzur apontou para o castelo, já o soldado do lado...
- Por favor não nos matem! Morgana é a arquimaga da corte, líder da ordem protetora de Myr, 
provavelmente está protegendo o rei, por favor só não NOS MATE! - Disse o soldado chorando sobe o efeito da magia, Puzur o olhou crispadamente e tentou praguejar algo, mas foi impedido de uma voz mais alta que ele.
- Aí sim eu valorizo, obrigado pela ajuda, soldado. Agora,papai, muito obrigado pela ajuda também, - Disse novamente dando uma gargalhada e voltando para o centro do círculo. - Yama`gur, Você vem comigo, aprendizes... MATEM TODOS! - A multidão soltou gritos de fúria e foram correndo com espadas e lanças na direção dos bruxos, arqueiros faziam chover flechas pela cúpula que de nada servia.
Os aprendizes recitaram um ultima feitiço juntos a Yama`gur e da boca de cada surgiu uma essência rocha que seguiu para o alto e ao se unirem parecia o rosto de um rato repleto de magia e ódio,  o exército que estava correndo na direção da cúpula nada temeu e continuavam a avançar, então a essência daquela aura se dividiu pelo quarteirão em diversas partes e lugares. Então os bruxos levaram as varinhas as suas frentes e bombardearam aquela tropa com relâmpagos e bolas de fogo. 
Oz segurou no braço de Yama`gur e tudo ficou escuro para os dois.

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Dentro do castelo um batalhão inteiro guardava o rei, na sala do trono estavam quase 100 guerreiros em formação em volta do trono , contornando os soldados estavam mulheres e homens de túnicas de diferentes cores e já começaram a entoar seus cânticos e feitiços de proteção, uma fina parede se fez ali na frente,forjando uma proteção semelhante a luz.
Do teto começou a cair areia devagar como uma ampulheta e o que caia no chão começava a girar como um tornado, fazendo uma ventania enorme dentro do átrio,jogando para longe alguns objetos e fazendo a roupa dos magis voarem.
Então numa explosão de areia surgiu a Yama`gur na frente de Oz, todos os Magis do rei atacaram Oz com vários feitiços, mas a bruxa era tão poderosa que conseguiu defender todos os feitiços com grande maestria, tornando a qualquer um que olhasse a achar aquilo quase impossível. Oz levantou a varinha na direção da porta e diversas runas a selaram, tornando impossível qualquer um entrar ou sair dali.
Os Magis agora pararam de atacar e ficaram boquiabertos com tão situação.
- Olá, senhoras e senhores, reverenciem o seu novo rei! - Todos ficaram parados olhando com estranheza - Vocês não ouviram direito neah, REVERENCIEM SEU NOVO REI! - Relâmpagos e trovões surgiram do lado de fora. - DE JOELHOS! - Apontou a varinha e todos cairão em reverência, inclusive o rei.
- Muito bem, estou aqui para duas coisas meus senhores, em primeiro lugar, aquela cadeira a partir de agora me pertence - Continuou seu discurso e apontou para o trono - . Segundo, vim atrás de minha mãe, arquimaga Morgana, aonde ela está?
Ninguém respondeu, então ele foi andando e acabou parando de frente a uma mulher que estava de frente a tropa, com a varinha ele encostou no queixo dela e levantou bem devagar.
- Olá mamãe, veja, eu cresci, agora tenho até barba, veja bem - Ele levantou um tanto mais o pescoço de Morgana e saiu fumaça da varinha, os olhos de Oz criptavam de ódio. - Agora sei usar a magia mais poderosa que a sua, que tanto me negou ensinar, que tanto me desprezou mais que a própria sociedade. Sua vadia velha e enrugada... - E deu uma bofetada com toda força no rosto dela. Morgana caiu de lado chorando ao chão.  E ali mesmo ele continuou seu discurso,
- A vida de todos vocês me pertencem a partir de agora, e para mostrar a vós que não há relutância, meus homens estão lá embaixo dizimando a cidade, vejam só! 
Oz apontou a varinha para o chão e todos dali tiveram a visão do que estava acontecendo lá fora, as paredes do átrio saíram do lugar e mais pareciam que todos ali estavam levitando. Então viram o caos eminente, as ruas cobertas de sangue e dezenas de inimigos sendo massacrados com apenas um feitiço ou golpe, de alguns lugares poderiam ver guerreiros e pessoas que agora estava com os olhos criptanto uma luz roxa, lutarem em conjunto aos lordes do pavor, e os mesmos agora estava indo em direção ao castelo. Então tudo se desfez e a sala retornou como era antes. Alguns ali choravam, outros faziam necessidades fisiológicas nas vestimentas, não havia apenas 1 que estivesse são, tomados pela loucura da morte.
Então Oz sorriu e em seguida uma gargalhada tão sinistra quanto todas as outras que ele deu.
Por trás da porta ouviu-se muito barulho de pancadaria, magias e  espadas contra espadas, então novamente um silêncio emergiu do caos, e aporta do salão  se abriu, negando o efeito da magia de Oz. O bruxo arregalou os olhos surpresos, mas era apenas um de seus aprendizes chegando. Sokujin, um homem em torno de 1,50 de altura, com barba e bigode muito finos que desciam a mostra, o restante não era possível ver, o manto tapava. Ele caiu de joelhos fazendo uma reverência.
- Meu mestre, está consumado,  a cidade foi dizimada.
- Tudo bem. Yama, você sabe o que fazer agora...
A velha apontou a varinha para seu pulso e urrou de dor, sangue começou a escorrer do pulso, mas logo cicatrizou. Com a ponta da varinha manchada de sangue ela escrevia runas no chão.

30 minutos depois...

Todos os soldados e bruxos estavam caídos no chão e mortos, os únicos que sobraram foi Morgana e o Rei, que agora estavam presos para o próximo ritual.
Oz estava com a pele colada no ossos, parecia que já tinha uns 80 anos, efeito proveniente ao ritual que fizeram com os soldados. Agora ele andavam pisando sobre os corpos indo em direção ao trono, e ali sentou e acariciou o braço do trono, levantou a varinha e uma música orquestrada começou a tocar vindo do nada. Todos seus discípulos já estavam na sala, e assim a enchendo de insensos e outros itens para trazer a magia para perto.


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Oz não podia ver, mas ao longe, Puzur fugia daquela cidade batendo em retirada sobre seu cavalo, para um lugar e em um destino que apenas Kadosh saberia...





Parte 3: A criança e o capitão



E assim Puzur fugia da cidade, sem nenhum destino, o propósito era apenas sobreviver...
O dia já tinha se tornado noite pela magia invocada pelo seu filho, o vento soprava forte e balançava sua barba branca, de seus olhos brotavam lágrimas e Depois que tudo caiu e todos morreram, só restava uma coisa que ardia triste demais para qualquer pai, as lembranças. Lembranças de um lar, de uma esposa e de um filho que em sua mente ainda permanecia como criança, ele ainda não conseguia acreditar no que seu primogênito havia se tornado, e depois de tudo que viu, não tinha mais esperança que veria o sorriso inocente ainda no filho.
E para piorar as coisas ele fugiu como um covarde, não protegeu seu rei, muito menos a sua cidade e esposa. Sua mente latejava de remorso ao se considerar desonrado e desejar que a lei fosse cumprida e ele fosse apedrejado pelo crime de traição. Mas o que poderia fazer? Ele sentiu medo e viu que nada poderia ser feito ali.
Mas apesar disso tudo ele continuou a cavalgar na direção das Colinas de Hogar, em busca de encontrar os anões para que o ajudassem. E assim permaneceu a cavalgar por dois dias, sua água já tinha acabado e a comida também, então ele teve de sacrificar o cavalo para servir de alimento, e como na área estava nevando, o mesmo teve que beber a água que provinha da neve.

Aguentou mais um dia a pé, já era noite e estava muito frio. Puzur havia seguido a direção do rio Cerpente, que levaria na direção das colinas e montanhas, mas quando chegou se aproximou do rio, viu que estava de frente a um bolsão de águas, semelhante a um lago, e não possuía a correnteza de um rio. Puzur não aguentou suas fraquezas e caiu de joelhos a margem das águas mansas e geladas, ao olhar para o " lago ", ele percebeu que havia certa parte que já estava congelada, mas o reflexo da lua e das estrelas o encantavam, por um breve instante ele sentiu admiração por aquela singela beleza, mas novamente sua tristeza voltou a tona e se sentiu fraco. Chorando e com uma mistura de tristeza e ódio, Puzur retirava sua armadura, arrancava parte por parte, ombreiras, manoplas, peitoral, tudo agora se tornava parte do chão ou das águas, ao qual ele arremessou algumas partes do metal.
Por baixo estava usando vestes de um tecido batido e agora o frio se intensificava mais, então ele caiu de rosto na neve, chorando demais para que eu possa descrever, e começou a se arrastar na direção da água. 

" Que das estrelas que fora de onde eu vim
   Eu possa retornar
   Que seu calor me abrace
   E  possa sentir os braços de meu pai
   Sumério, falhei com minha missão, e não sou mais digno de mim.
   Me perdoe... Mas não posso continuar "
   
E com essa oração ele arrastou seu rosto para dentro da águas. O frio estava de congelar os ossos, e tudo se tornou mais escuro, sentia a água passar por suas narinas e seus pulmões se encherem de água, sua cabeça parecia que iria explodir, mas de repente sentiu uma pequena mão lhe puxar por traz da gola da camisa. Então ele caiu de costas no chão e começou a cuspir toda água que havia em seus pulmões. Então ele abriu os olhos e com maior definição ele pode ver ali em pé uma criança, de cabelos pretos, porém bagunçados e lisos, seus olhos eram de um extremo azul e suas vestes eram dignas de um menino da realeza, porém estava descalço. O menino ajeitou seu suspensório preto e perguntou de maneira educada e séria.
- Por que fazer isso? 
- Isso não é da sua conta menino, deixe-me em paz... 
- Não posso... Você não pode deixar que a tristeza de consuma!
- O que sabe da tristeza? Você só é um garoto, ou quem sabe seja apenas minha loucura, pois pelo que vejo - Puzur olhou para todas as direções e se sentou - Seria impossível uma criança estar por aqui sozinha, a menos que queira ser morta por lobos.
A criança sorriu, e depois de tanto tempo Puzur também sorriu, e ao olhar para os olhos da criança viram o quanto eles brilhavam de alegria, então depois de tanto tempo ele sentiu Paz. Mas era estranho descrever tal feito, era como se sentir vazio e cheio, alegre e triste, com vontade de dançar e ficar parado, era estranho...
- Não fique triste pelo que o mundo te fez, erga a cabeça, somos um pontinho de luz neste universo sem fim. Ainda há esperança - disse novamente sorrindo -, existe uma lenda ao qual ouvi alguns falando... Que assim que Garderion se formou, uma figura solitária e mais poderosa que qualquer um dos deuses desceu dos céus e contemplou a dimensão dos feitos dos deuses. Nunca saberemos quem é está criatura, mas de uma coisa eu sei, provavelmente ela estava triste por nunca ter tido um amigo, assim como eu - e a criança abaixou a cabeça, mas logo a levantou e sorriu -, mas ela não desistiu de abraçar o que ama! No final daquele dia foi relatado que centenas de espécies de aves estavam migrando para o sul, mas quem a liderava era uma ave como ninguém nunca viu, era dourada e majestosa - Contava com olhar vago, e Puzur prestava atenção a cada palavra -. Enfim pareceu que ele encontrou uma felicidade... Poderia me sentar o seu lado? - disse o menino apontando.
- Mas é claro - disse Puzur, não entendendo o porque das lagrimas terem sessado.- Então o menino se sentou e olhou para o céu, em seguida novamente para o capitão.
- Podemos ser amigos? - disse sorrindo.
- Mas é claro! - disse o senhor, com empolgação. Não sabia como, mas também não sentia mais fome.
- Puzur, eu sei o que passa contigo - o rosto do velho ficou pálido, e suas entranhas reviraram. Como ele sabia seu nome? - Mas não deixe que a tristeza suba a sua cabeça, afinal, sempre haverá esperança, vejo só - disse apontando para o céu -, mesmo em meio de tanta escuridão, há luz, nem que seja uns pontinho num espaço tão grande, mas mesmo assim há luz, há esperança.
- Quem é você menino, porque sabe meu nome? - Disse Puzur assustado e se levantando rispidamente - És um fantasma!
- E por algum acaso, um fantasma te salvaria de um afogamento? Um fantasma estaria conversando com você a essa hora da noite? Um fantasma apontaria para o céu e diria de esperança para sua vítima? A troco do que? - Deixou de olhar para o céu, se levantou e sorriu para Puzur. - Sei que não sou como imaginam que deveria ser, mas eu sou seu patrono, sumério. Ouvi sua súplica de perdão, e vim a o seu auxilio.
- Mas isso não faz sentido! O tratado celestial não permite que os deuses interfiram e nem desçam para o mundo dos homens, Está mentindo!
- Eu sou a luz em meio a noite, sou a esperança para muitos, não deixaria um filho meu ao léu, mesmo sabendo que não possa intervir. Se depender de mim, eu travarei uma guerra com deuses para que eles saibam que meu amor é mais extenso que todo o universo. - Então o garoto se aproximou do velho e fez um mero gesto com as mãos, e de suas mãos surgiu uma luz tão intensa que clareou todo o lago e quase deixou  Puzur cego, quando a luz cessou em suas mãos estava uma rosa, negra com centenas de pontos azuis e brancos, que lembrava o céu estrelado. Então ele estendeu para o Puzur e assim o entregou - Quero lhe ajudar meu amigo, mas para isso eu preciso que confie em mim.
Puzur caiu novamente de joelhos e não parava de chorar.
- Por favor meu mestre, me perdoe pela descrença, eu não esperava que...
- Que o deus criador do universo fosse uma criança? É, eu também não acreditaria - disse e os dois riram - Veja bem Puzur, você será o primeiro dentre os 13. Obedeça minhas ordens, será o primeiro dos Guardiões, terá um poder tão grande que poderá esmagar estrelas. E será convocado sempre que um grande mal ferir o mundo, e sua primeira missão será vencer seu filho...
- Meu filho? Mas como? O senhor sabe a dimensão dos poderes daquele homem.
- Não importa! Yama`gur possui poder das trevas, você possui a mim e a  luz das estrelas. Não lhe daria uma missão que fosse impossível. Mas não deixe que sua fé seja baixa, lembre-se, sempre haverá esperança. E se tudo falhar, lembre-se " Somente aquele que morrer para a carne e negar-se a si mesmo, Poderá viver para contemplar as estrelas".
Então pôs uma mão no ombro de Puzur, e com a outra enxugou as lágrimas que vinham do homem.
- Não chore meu filho... Eu te amo...
E Puzur se arrepiou e parou de chorar, então sumério lhe deu um abraço e o velho fechou os olhos, então sentiu algo inexplicável, uma pressão agradável comprimia todos os lugares de seu corpo, como se estivesse sendo abraçado por inteiro, e um calor imenso se apoderou de si e sentiu mais forte, sentia cada célula de seu corpo vibrar e sua alma quase sair de seu corpo, então ele abriu os olhos e viu que em volta deles havia uma mão espectral enorme que os segurava, olhando para o alto ele conseguia ver a extensão do braço que subia até o alto céu, com temor fechou nomante os olhos. E ouvia uma voz ecoar por todos os lados, como se não fosse mais proferida pelo avatar terreno do deus do universo, mas agora do próprio sumério, ao qual parecia ecoar por toda Garderion.
- Meu filho, quando a escuridão vier, não tema, eu iluminarei a noite com estrelas, então saberá que nunca estará sozinho. A partir de hoje és meus amigo, poderá falar comigo quando quiser, e sempre ei de lhe proteger. Agora vá, e cumpra a sua missão.
O som de uma explosão foi enorme, e parecia que alguma coisa havia entrado em nossa atmosfera.
O homem não se sentia mais abraçado, olhou em volta e sentiu que estava só novamente, olhou para o alto e viu uma estrala começar a piscar e apagar, de repente como um meteoro a coisa caiu a  sua frente.
A neve derreteu pela espada que estava fincada ali. A espada estava num vermelho incandescente, pois havia acabado de cair do céu, era uma bastarda linda e enorme, na guarda mão  havia uma pedra de cor negra e azulada, semelhante a rosa que ele tinha ganhado.
O capitão chegou perto da espada e a puxou do chão, então no meio da lâmina brilharam diversas runas azuis, que traduzidas, uma delas estava a significar: " quando a escuridão vier, não tema, eu iluminarei a noite com estrelas, então saberá que nunca estará sozinho."
Puzzur sorriu, e gritou alto e de bom som com extrema alegria.
- MUITO OBRIGADO!!


Em algum lugar de Garderion, Oz sentia ódio porque sabia o que estava acontecendo, mas também em algum lugar do universo, sumério sorria em saber que o seu mais novo amigo estava alegre.


Parte 4: Amigos não abandoam os seus


Os corpos estavam amontoados numa pira, prontos para serem cremados. Mas para Yama`Gur os corpos em chamas serviriam como incenso para os sacrifícios que viriam a seguir, do rei, e da mãe de Oz.
O lugar aonde estavam fica no alto de uma colina, e as costas daquela posição estava um abismo ao qual chamavam de " O Berço ".
Oz andava de um lugar para outro, feito um esquizofrênico, embaixo de seus olhos estavam olheiras imensas e seu globo ocular já estava bastante avermelhado, sinal de cansaço e loucura, ao qual tanto poder levava. Seus discípulos bruxos estavam todos com mantos  negros repleto de penas de corvos e urubus. Neste momento os 12 estavam de joelhos dobrados e cada um usava um respectivo grimório que estava aberto  no chão, a sua frente.
O silêncio era primordial, onde só se podia ouvir o som do vento que soprava muito forte e fazia farfalhar as vestimentas de todos presentes. Mas logo a bruxa começou o discurso.
- Senhores, hoje estamos aqui diante dos doze elementos, e perante ao soberano senhor da morte Tsun´Dao, para darmos graças e completarmos o que nos foi passado como objetivo nesta noite. Dar ao nosso líder Oz, a vida eterna como Lich. Aqui morrerão seus sentimentos, seus sonhos mortais, deixará de lado todos os prazeres da carne e dos pós vida, apenas para se curvar diante do verdadeiro poder. O poder do Vazio. A energia mais antiga que pôde existir desde a criação, proveniente ao Caos. Aprendizes , eu quero que peguem seus livros e leiam cada um a primeira parte do ritual, após a primeira parte leiam em silêncio. Oz, comece com sua mãe, depois o rei.
Oz puxou um punhal e foi na direção de sua mãe, ainda sorrindo como louco. Os discípulos recitavam.
- Nós somos servos do Vazio, com sua energia nos conduza ao melhor caminho... - O primeiro discípulo começou, enquanto Dizia numa língua desconhecida.
- A destruição é apenas um começo,  das chamas de seu fogo ainda restarão  as cinzas, as marcas que deixou...
- Tolos, não sabem o que é poder. O verdadeiro poder vem de cima para baixo, observem os raios das tempestades! 
- A morte é um complemento da vida, por isso a veneramos... 
E assim continuaram até o último discípulo. O céu se encheu de nuvens repletas de raios e relâmpagos roxos, que se aproximavam rapidamente. Oz encheu uma taça com o sangue de sua mãe e bebeu como se fosse o mais doce vinho, o rei gritava de desespero e agonia, mas Oz nada podia fazer senão também matá-lo, retirar seu coração e devorá-lo ali mesmo. O maior de todos os bruxos soltou uma gargalhada e começou a esfaquear o rei, levado a loucura, em seguida também retirou o coração da mãe e também devorou. Deixou os cadáveres moribundos por ali mesmo e foi para o lado da bruxa.
- Agora sim, começamos o ritual. Continuem e canalizem as energias primordiais nos livros. Oz é sua vez...
De longe  se podia ver grande raios roxos que caiam no lugar, e da colina uma energia muito forte e pesada podia se ver, e sentir de longe.
Naquela noite estaria para existir o pior ser que a terra pode abrigar.

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Puzur vagava de volta para a capital, para destruir Oz de uma vez por todas. Ao seu redor a floresta e a neve já haviam desaparecidos da  vista, e mesmo sem comer e sem beber água ele não sentia fome e nem sede. As  dores de sua mente e de seus corpos se foram, mas ficaram as forças e aspectos de um deus menor.  
No caminho ele pensava o que poderia fazer, e até então nenhuma ideia havia aparecido. " Chamar os anões? Pra que? todos iriam virar pó perto desses bruxos". E neste momento de grande dúvida, que mesmo de longe poderia se ver a energia bizarra de Oz, o céu brilhou. Puzur olhou assustado para o céu e sua visão aguçada pode vislumbrar um homem descer da nuvem como estivesse andando numa escada, e na sua mão estava uma ampulheta. O guardião não fazia ideia do que seria aquela criatura que também estava vestida de negro e que em sua mão direita estava também um cajado, mas sentiu medo. Medo do desconhecido e daquela energia que estava sentindo. Não havia mais esperanças, mas uma voz disse.
- Aquele ali é Tsun`Dao, o senhor da morte.
Os ossos de Puzur congelaram e quando olhou para o lado viu sumério.
- Não tenha medo, eu irei ensinar a você o que deve fazer. 
- Mas de que adianta? Vai me ensinar em 5 minutos e vou ter que ir lá sozinho! Não vai funcionar...
- Não seja pessimista. Esqueceu de quem eu sou? Vou te contar um segredo, tudo bem? - Riu o garoto e fez um sinal para Puzur se aproximar com as orelhas. E assim o guardião o obedeceu - Eu irei te treinar agora, e esse agora durará muito tempo.
- Como assim? - Disse incrédulo e com dúvida. Sumério olhou para frente, na direção de Tsun`Dao que descia das nuvens.
- Não existe tempo para mim, por isso sou menino. Veja - Disse e abraçou Puzur pela cintura.
Puzur sentiu como se suas entranhas saíssem de corpo e voltassem novamente, seus olhos viraram, quando a dor parou ele estava exatamente no mesmo lugar, mas o ambiente havia mudado um pouco. As cores estavam mais vibrantes, a mariposa que voava estava parada no ar, o deus que descia do céu estava no mesmo lugar, imóvel. E quando olhou para o céu viu mais estrelas do que sonhou um dia vislumbrar, parecia que o céu era feito apenas disso. Então entendeu que não era o porque as cores eram mais vibrantes, mas sim as estrelas que iluminavam drasticamente todo o mundo.
Sumério soltou a cintura de Puzur e olhou para ele.
- Seja bem-vindo a dimensão do éter! Meu lar, daqui posso ver tudo e todos, já que o tempo está parado para mim, posso observar tudo. Ver os justos e injustos, e quando possível ajudar. Vamos treinar muito meu amigo.
Puzur ainda olhava a sua volta contemplando aquilo tudo.
- Mas isso é espetacular! Mas... Não poderei enfrentar um Deus. Que chances teria eu contra o senhor da morte? Nenhuma...
- Já lhe falei para deixar seu pessimismo de lado! E isso não importa.
- Como não importa? - Disse Puzur incrédulo - Ele é o senhor da morte, um olhar dele e estarei morto.
- Não importa. Ele não pode matar o ser mais poderoso de todo o universo. Eu irei contigo Puzur. - 
Depois de tanto tempo vendo o menino sorrir, aquela era a primeira vez que o Guardião pode vislumbrar  o senhor das estrelas estando muito sério.
- Amigos não abandonam os seus, não é essa a regra? - Continuou Sumério -    Não importa o que o tratado celestial nos impôs. Veja aqui ponto o senhor morte chegou, já está aqui fazendo rituais sombrios. Eu vou cuidar dele, não irei desamparar você, e irei cuidar dele, de deus, pra deus! - Disse muito sério, e o guardião pode contemplar aqueles olhos que eram negros brilharem de repente como estrelas.
- Tudo bem meu senhor - Disse sumério.
- Então vamos começar. A sua energia irá surgir de algo que eu chamo de... Por falar nisso, já disse hoje que te amo? - Sorriu o menino, e Puzur retribuiu com outro sorriso.
E assim permaneceram a treinar, por longos 10 mil anos, enquanto na terra não havia se passado nem mesmo 1 segundo.



PARTE 5: A fé, o fundamento do impossível

- A fé é o fundamento do impossível, é o que torna os homens fortes, é o que traz a vida, o sentido de que não importa o tamanho do seu adversário, você irá vencê-lo! - Dizia sumério, ao ensinar Puzzur - A fé pode ser uma arma tão poderosa, que dependendo da sua força poderá tornar um deus num mortal, e transformar um mortal num deus. Ame o que faz Puzur, ser um guardião não é apenas carregar uma espada e dizer que é meu amigo, ser guardião é proteger os justos acima de tudo, mesmo que isso custe sua vida. 
O silêncio pairou no ar por longos segundos, então Puzzur fincou a espada a sua frente e dobrou seus joelhos, numa reverência e com a cabeça baixa ele disse.
- Eu prometo meu pai, fazer tudo que o senhor pedir, ser o seu braço direito, amar e proteger os justos, e ter a fé suficiente para mover montanhas. Em teu nome proclamarei o ensinamento das estrelas e acima de tudo - Ele respirou fundo e levantou a cabeça, olhando diretamente para o criador das estrelas - serei seu amigo.
Sumério sorriu para ele e ficou muito grato por tudo aquilo.
Era a primeira vez que o senhor das estrelas tinha um amigo, ele sempre preferiu manter-se sozinho diante do panteão e admirar os humanos de longe, ainda mais porque o tratado celestial não permitia que tais amizades prosperassem. Mas agora ele pôde sentir na pele que o povo de Garderion é muito mais que apenas um erro que aconteceu de uma aposta entre Myr e a senhora da natureza, Lys. Eles são amor, paixão, ódio e muitos mais sentimentos que ainda ele não pôde descobrir, mas via aquilo tudo como algo novo. E agora frente a frente com seu amigo e guardião Puzzur, pode ver que dentro daquele homem não existia apenas amor pelo deus, mas esperança num novo amanhã, a esperança que mesmo na noite mais escura ainda existia luz, a esperança nas estrelas, a fé no impossível.
- É assim que se fala! - Disse sumério sorrindo - seu treinamento terminou, agora é a nossa vez de mostrar aqueles bruxos quem é que manda!
Então o pequeno Deus tocou o ombro direito de Puzzur, e magicamente tudo voltou a seu lugar. A mariposa ainda voava sem destino, os raios púrpuras surgiam em imensidão pelas nuvens, e Tsun`Dao ainda descia do céu. Uma trovoada de dimensão surreal surgiu e com ela uma chuva pesada começava a cair. Então ainda vendo a situação os dois disseram em uníssono.
- Pelas estrelas...


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Os bruxos ainda estavam de joelhos dobrados e seus grimórios abertos a frente. Mas agora estava um ao lado outro, formando um círculo, inclusive Yama´Gur estava de joelhos neste círculo mágico. No meio estava Oz, com a roupa muito suja de sangue e com a varinha em mãos. Os aprendizes recitavam palavras numa língua desconhecida, e a cada palavra, uma linha de magia arroxeada ia fechando um círculo em torno de Oz, formando runas e dando uma visão ao mesmo.

Oz estava em uma caverna, estava muito frio e ao olhar para a saída do lugar via muita neve que caia torrencialmente, para não ir ao lado de fora e enfrentar a geada decidiu  adentrar mais fundo no lugar, em busca de uma condição térmica mais aconchegante. Então andou muito, passou diversas vezes por lugares apertados e com morcegos, saltou por estalagmites e até mesmo viu naquele lugar um grande bolsão de água ao qual devia escorrer para formar alguma cachoeira.
Enfim chegou no objetivo. Uma porta de pedra maciça com desenhos que saltavam em relevo. Oz não conseguia ver muita bem pela quantidade de gelo que estava naquela porta, então ele tocou com a varinha na porta, e o gelo que estava atrapalhando a imagem se desfez em mil pedaços, ao qual caíram no chão com barulho que provocou eco em todo lugar. O maior dos bruxos fixou o olhar em cada desenho que estava ali.
Pela parte de baixo contava-se uma história. Um grande lago, uma criança sorrindo e um homem que tinha uma expressão de choro. Acima dele a criança abraçava a figura que ele identificou como Puzur. A cima a figura mudava, uma mulher descia do céu em direção de algo que parecia uma clareira, então tocava num índio que parecia estar deitado no chão e muito doente, e ao redor dele muitos estavam mortos, incluindo animais e seus membros da tribo. A imagem troca, e mulher sopra algo no rosto do homem, e galhos se curvam diante deles naquela clareira, animais surgem pelos cantos. Mais a cima está uma serpente gigante, com cabeça de homem e uma grande juba em volta de sua cabeça, uma naga guardiã. Ela estava enrolada em volta de um grande caldeirão, que tinha fogo de sua boca e tinha três espadas dentro do recipiente, na frente do caldeirão estava três figuras humanas. Um homem com uma armadura pesada, como um clérigo da igreja, em  ao seu lado um verdadeiro bárbaro com os peitos nus, usando uma tanga na cintura e músculos maiores que a própria armadura do homem da igreja, ao lado dele um homem com estatura mediana e um grande escudo no braço esquerdo, ao qual estava escrito em letras legíveis " Portacus ". A imagem acima estava uma grande guerra que acontecia em proporções colossais, mais alto que a guerra estava o clérigo da imagem anterior, que voava com asas de luz e com a boca aberta parecia estar gritando, e ao lado, diziam suas palavras, " PELA JUSTIÇA! ", liderando um exército estava o Bárbaro que com um machado estendido ao alto, ao lado estava  estava escrito " PELA FORÇA! " Na frente do exército estava Portacus, com o escudo maior que antes, protegendo milhares de flechas que caim do céu, ao seu lado estava escrito " PELA PROTEÇÃO ". No meio do exército inimigo estava a figura de um anão com um martelo na mão, centenas de inimigos estavam mortos ao chão e ele gritava " PELA VINGANÇA!!! ".
Oz retirou a mão da porta e seus ossos tremerão de terror, pela primeira vez em longos anos. Ele não quis ver o resto da profecia, mas levou seus olhos para o alto da porta e viu  esculpido o rosto de um dragão com grandes chifres, mas com um semblante de algo bondoso.
Então ele sem esperar viu a porta se abrindo para cima, e sala estava totalmente escura. Um silêncio perturbador até mesmo para o maior dos magos. De repente uma baforada de fogo azul surgiu nas trevas, um grande pote de bronze se iluminou, mostrando três espadas dentro delas. A luz do fogo azul podia iluminar o rosto aterrador da Naga guardiã, com aproximadamente dez metros de altura.
Oz levantou sua varinha e gritou lançando um feitiço em forma de raio vermelho na direção da criatura, que instantaneamente soltou um ganido e um escudo magico se fez em sua frente, bloqueando qualquer coisa que entrasse nos átrios, inclusive o feitiço ao qual explodiu no escudo transparente. A beste respirou um fundo e gritou com uma voz muito grave.
- SAIA DE MEUS APOSENTOS!!
A estrutura da caverna tremeu e Oz caiu no chão com os olhos arregalados, e respirando muito ofegante. Então ele acordou para o mundo.

- NÃÃÃÃÃO!!
Oz gritava de pavor pela profecia que acabou de receber. Mas ao voltar para a realidade viu que tinha passado muito tempo na visão, não foi em segundos, mas minutos a fio estava em pé e não pode ver passo a passo do ritual. Então a magia que estava a sua volta já estava fincada em sua pele, e sua musculatura estava mais fina, parecia até mesmo que seus músculos estavam atrofiandos. Então ele olhou para o alto e pode ver. O senhor dos mortos estava ali. De perto sua aparência não era de homem como Puzur viu, mas extremamente pavorosa e nada humana
Ele flutuava enquanto descia do céu, usava um manto negro que estava puído, rasgado e muito velho, um capuz que também estava desbotado e sem vida tapava algo que era pra ser o rosto, mas não havia face ali por dentro, apenas escuridão  e duas esferas ao qual iam a todo instante trocando de posições dentro na face, porém nunca se batendo. Um tinha uma cor dourada, e a outra era roxa, talvez representassem a vida e a morte. De diversas partes das vestimentas saiam galhos secos, principalmente das costas. Constantemente em varias partes da vestimenta aparecia o relevo do rosto ou da mão de alguém, talvez pedindo ajuda. Não era possível ver os braços da criatura, talvez estivessem por dentro da vestimenta. Também não existiam pernas, apenas um amontoado de panos ao qual se pendiam no ar. Mas uma coisa era certa, aquilo era tenebroso.
A criatura parou no alto, aproximadamente em torno de cinco metros de distância do círculo. No momento ouve um grande estrondo de trovão, a chuva começou a cair. Tsun`Dao, retirou de suas vestes uma ampulheta de ouro. Seus braços eram um emaranhado ossos e galhos secos.
Dentro da ampulheta de ouro a areia dourada caia lentamente, mas parecia estar chegando ao fim. A bruxa ainda de joelhos dobrados levantou seu rosto a divindade.
- Meu senhor, nós o invocamos - disse a bruxa -  para finalizar o ritual e que possa transformar Oz o mai... - Então ela foi interrompida pelo som horrível da voz do senhor da morte, que era fria, um tanto para dentro, e sem vida.
- Cale-se, Yama`Gur, você é um escárnio para todos, criatura imunda.
Yama`Gur abaixou a cabeça com ódio profundo, e respirou fundo.
- Oz, eu lhe aceito e prometo lhe entregar o poder e a vida eterna, em troca eu quero seu favor. Não irás reverenciar nenhuma ser do Caos. A destruição que irá causar terá um fundamento, para que dela surja uma nova vida. Lutaras a fio para destruir os que não sirvam meus ideais, está terra está imunda e cheia criaturas que não amam a morte, mal elas sabem que a morte é apenas um novo começo. Poderás ser rei e governar todas essas terras, portanto, a reverência de seus feitos será a mim, portanto, você jura concordar com tudo que eu disse aqui? Caso no meio de sua caminhada falhar, eu virei pessoalmente lhe buscar... - A voz da criatura morreu numa trovoada.
Oz estava com a aparência de raiva, talvez por que quisesse a glória toda para ele, não para um deus que apenas usaria para ter a vida eterna. Então sentiu raiva da bruxa.
- Eu prometo - Disse trincando os dentes.
- Mas primeiro, se desfaça da bruxa, e nunca mais a permita em seu meio.
Yama´Gur arregalou os olhos e esperou a resposta de Oz, que a surpreendeu muito.
Como Oz já estava tomado pela loucura e ódio dela, por não imaginar que a glória de seus feitos iria para uma entidade, ele só teve uma resposta.
- O prazer é todo meu...
Oz olhou para a bruxa com os olhos de fúria e ergueu a varinha na direção da mesma
- MORRA! 
Da ponta de sua varinha saiu um magia avermelhada em forma de raio, e juntos dezenas de gritos de desespero. A magia pegou em cheio nos peito da bruxa que foi arremessada para longe gemendo de dor, podia-se ver o rosto dela escamando como uma cobra, e a vida aos poucos morrer em cada parte de suas feições.
- Maldito! Como pôde?! Eu lhe ajudei a ser o que você é agora! Seu ingrato!
- A primeira regra que você me ensinou, velha, foi nunca amar ninguém, que o poder viria acima de tudo - Ele soltou uma gargalhada.
- Maldito, eu vou lhe ensinar uma coisa...
Ela retirou a varinha, mas  foi perdendo força até se apoiar com as mãos no chão, ficar em posição de quatro e começar a cuspir sangue no chão.
- Me ensinar? - Disse Oz de maneira sarcástica - Eu já sei tudo que precisava aprender, aceite, você foi apenas usada por mim...
- Eu fui usada por você? - Disse ela e começou a rir - Eu sou a encarnação do lado ruim de Kadosh... No principio de tudo o senhor da justiça se ausentou do panteão para refletir sobre sua vida. Então ele chegou a uma conclusão, todo ser tem dentro de si um lado ruim, querendo ou não. Ao invés dele criar um equilíbrio, decidiu separa o seu lado oposto. Então ele me retirou dele e me lançou no espaço, como uma matéria escura e sem forma. Vaquei por anos até chegar aqui, numa floresta e ver você numa cabana. Automaticamente eu me fiz como criatura de sua raça, e sondei seu coração, então eu vi todo seu lado ruim e decidi usar para meu plano... Destruir tudo que fosse da criação divina... - Ela sorriu e olhou para Oz, uma parte de carne de seu queixo caiu no chão, já apodrecida - Agora quem se sente usado, rapazinho burro?
Oz fechou a cara e sentiu ódio como nunca pode sentir. Seus ossos começaram a tremer, sua sobrancelha se formou praticamente uma, usou tanta força segurando a varinha que ela quase se partiu em dois.
- MALDITA!
Ele apontou a varinha na direção da bruxa e novamente o raio vermelho saiu. Mas no meio daquele raio, numa fração de milionésimos de segundos, outro raio caiu do céu, azulado como o mais límpido dos oceanos. O clarão do choque no chão foi muito forte, e por alguns segundos Oz e os bruxos ficaram cegos pela luz. 
Quando a visão de Oz retornou ele viu em pé, na frente da bruxa uma criança. Mas não uma criança qualquer, seus olhos brilhavam como estrelas e o mais estranho aconteceu. As nuvens se dissipavam aos poucos, e por trás delas as estrelas brilhavam como nunca, iluminando todos ali. Tsun´Dao permanecia parado  e estático como sempre, olhando para algum lugar ao qual eles nunca saberiam.
- Mas o que,  uma criança? - Oz disse e começou a rir freneticamente, então ele se lembrou da escultura na pedra. Então reparou que aquela criança era exatamente a mesma que estava na sua frente.
- Não é só uma criança, seu imbecil louco, esse é sumério, o senhor das estrelas.
Oz arregalou os olhos e se voltou para o senhor da morte.
- O que disse?
Uma espada veio do céu, girando na direção do solo, então caiu nas costas da bruxa e com um grande baque, Em seguida um raio acompanhou a espada. E lá estava Puzur, em pé ao lado do artefato.
- Isso mesmo Oz, o senhor das estrelas.
Oz arregalou os olhos e tremeu a voz, muito surpreso com o que via.
- P-pai? - disse com incredulidade 
- Não tenho o tempo todo, bruxo. Vamos logo com isso. - disse Tsun´Dao.
Então estendeu a mão cadavérica para Oz, e instantemente ele desapareceu, juntamente ao senhor da morte.
Naquele instante os doze bruxos se levantaram com varinhas em mãos e apontoando para o guardião e sumério. Oz retirou a espada da bruxa que estava morta e a segurou com apenas uma mão.
Então sumério desapareceu também. Mas Oz entendeu o recado, o senhor das estrelas havia ido atrás de Tsun`Dao, e deixado que Puzur cuidasse dos bruxos.


PARTE 6: Apenas creia

- Acredita nos deuses meu filho? 
 Dizia um homem com cabelos castanho, ao qual estava sentado num tronco caído, ao seu lado o seu filho, que aparentava ter entre 7 anos de idade. Na mão do pai estava uma lebre já morta, na outra estava uma arco. Ambos estavam voltando de uma caçada, e ali, sentados estavam descansando daquela correria e conversando um pouco.
- Mas é claro pai! - disse o menino, bem feliz por sinal
- É isso mesmo meu filho. - Sandor olhou para o alto enquanto dizia - o importante é crer. Por mais que a vida bata em ti, e os amigos te deixem, os deuses sempre estarão conosco. - Então ele abaixou a cabeça e levou seus olhos para o filho - Hoje fazem três anos que sua mãe nos deixou, e hoje aqui estamos nós, somente com a ajuda dos deuses nesta floresta, e veja só, eles tem nos provido nosso alimento, e nossa alegria.
Então bagunçou a cabeleira da criança com olhos sonhadores, e sorriram um para o outro, então se levantaram e continuaram a caminhada juntos, pela trilha. ficaram ambos um pouco cabisbaixos de ter citado Helena, que já havia partido para a morada de Kadosh. A mãe de Puzur havia sido estuprada na casa dos pais por bandidos, que saquearam a fazenda, estupraram as mulheres e após incendiaram o lugar por inteiro.
- Papai... Por que os deuses permitiram que aquilo acontecesse com mamãe? - disse o menino, com a voz um tanto baixa.
- Não vamos falar disso Puzur, eles tem seus planos.
- Mas papai, planos para o que? - o menino parou, o pai fez o mesmo. - Ela não estava na fazenda? Estava numa floresta e Lys nem ao menos a protegeu, deixou para que a abusassem a queimassem. E Kadosh? Onde está sua justiça que tantos dizem? - O menino bufou e começou a chorar
O pai deixou o arco no chão e abraçou seu filho.
- Se acalme rapaz... Não questione o que os deuses tem para nós, apenas tenha fé no que eles tem para nosso futuro. Nada acontece por acaso meu filho, tenha esperança...
O menino olhou para os olhos do pai, e também o viram lacrimejando 
- Acha que não sinto falta de Helena? Acha que não me questiono todas as noites sobre isso? Eu já aceitei Puzur ...  As vezes a justiça de Kadosh pode demorar o quanto for, Lys não nos prover o alimento e a proteção na floresta, e durante a noite Hamad deixar que nos açoitem, mas de uma coisa temos certeza - Sandor olhou para o alto e apontou para o céu - mesmo estando de dia ou noite, as estrelas ainda estarão nos céus. Enquanto as estrelas não desaparecem do alto, ainda haverá esperança, ainda saberemos que Sumério estará a nos olhar e esperar que ainda venhamos a depositar apenas um pouco fé nele, para que ainda exista esperança... Apenas creia, então nunca estará sozinho...
Então Sandor enxugou a lagrima dos olhos de seu filho, pegou seu arco, e ambos continuaram a trilha, e nada mais falaram até chegar em casa.


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