quinta-feira, 2 de março de 2017

Contos - Kharg Drogun e os Grandes Patriarcas - Reinos de Ferro RPG

Os anões de Rhul possuem seu próprio mito da criação













Eles acreditam que sua carne descende diretamente dos deuses, que foram seus progenitores reais e literais, os Grandes Patriarcas. Eles foram criados em um local chamado Kharg Drogun, que é traduzido como “A Terra Abaixo”.

A origem dos Grandes Patriarcas está na montanha viva e divindadechamada Ghor, a maior e mais alta montanha de Kharg Drogun. Este deus-montanha tinha um poder enorme e uma maldade um tanto quanto enraizada. Por seu tamanho e abrangência, era imune a tudo que andava, voava ou nadava. Mesmo assim, Ghor era solitário e buscava distrações naqueles que poderiam se maravilhar e
apreciar sua majestade. Ele buscou em seu interior, tirou treze dos melhores cristais de sua essência e os esculpiu em formas humanóides que o agradassem, com um tamanho um pouco menor que o normal, pretendendo usá-los como escravos. Ghor os prendeu em algemas e ensinou às criaturas nascidas da pedra que elas deveriam obedecer ou seriam engolidas e desapareceriam, sem formas.
Os treze escravos criados por Ghor foram feitos com mãoshabilidosas e olhos atentos. Sabiam tudo que havia para saber sobre moldar a pedra e o metal. Ghor queria que eles construíssem um grande monumento à sua glória imortal. O que Ghor não percebeu era que eles não eram escravos sem mente, mas cada um tinha dentro de si uma centelha divina. Quase simultaneamente, os treze começaram a sonhar com a liberdade. Os nomes dos treze escravos que se tornariam os Grandes Patriarcas são: Dhurg, Dohl, Dovur, Ghrd, Godor, Hrord, Jhord, Lodhul, Odom, Orm, Sigmur, Udo e Uldar. Cada um, em seu tempo, comprovaria o domínio sobre tarefas específicas e estabeleceria seu próprio destino. Nos primeiros dias, eles eram definidos apenas pela opressão de Ghor e pelos grilhões que os prendiam.
Enquanto trabalhavam para construir o grande monumento, os treze descobriram uma verdadeira paixão pelo trabalho em pedra e metal, e um perfeccionismo que não permitiria nada menos do que seu melhor, apesar do ódio que sentiam pelo seu mestre. Eles trabalharam por anos, construindo o tributo mais glorioso que poderiam imaginar para imortalizar a divindade- -montanha. Mas, quando o apresentaram para Ghor, a montanha cruel zombou da sua realização e desencadeou um terremoto destruidor, que rachou a terra e engoliu sua obra. Ghor exigiu que eles começassem de novo, e que o fizessem melhor.
Sabendo que as reclamações de Ghor eram infundadas, os trezelimparam as fundações e começaram a nova construção, trabalhando durante décadas para criar uma obra que fosse inquestionavelmente superior. No fim do trabalho, eles começaram a amar sua nova criação. Mas mesmo isso não foi sufi ciente para o tirano Ghor, que pulverizou sua obra e exigiu que construíssem novamente. Os treze entraram em desespero. Mais do que a escravidão, eles não aguentavam a visão de sua obra destruída.
Foi Orm, que um dia se tornaria o patrono da construção e damarcenaria, que reuniu seus irmãos e desenvolveu um plano para destruir Ghor e, portanto, se libertar. Eles apelariam para a vaidade da divindade-montanha e encontrariam uma forma de construir algo que ele não poderia destruir. Godor, que se tornaria o patrono dos oradores, foi recrutado para propor a Ghor uma torre tão alta que tocaria o céu da Terra Abaixo — a única dificuldade era que tal feito de engenharia exigiria materiais
extraídos do próprio corpo de Ghor. A divindade-montanha ficou fascinada com a ideia e permitiu sua execução.
Dohl, que se tornaria o patrono da mineração, liderou osesforços dos treze, usando seu talento com a picareta e a pá e seu conhecimento sobre pedras. Ghrd, que se tornaria o patrono da riqueza, mostrou uma afinidade por seguir os veios de minérios preciosos e descobrir bolsões de cristais. Os treze começaram a tarefa com todo o seu orgulho e criatividade,executando feitos de engenharia mais avançados do que tudo que já havia sido visto.
Enquanto isso, os treze mineravam um labirinto de cavernasdentro de Ghor, extraindo a melhor pedra e os mais ricos veios de metal. Lodhul, que se tornaria o patrono dos banquetes, distraiu Ghor ao organizar grandes reuniões, enquanto seus irmãos enfraqueciam a divindade-montanha por dentro, preparando a queda da montanha. À medida que Ghor se tornava mais oco e fraco, a torre ficava mais alta. Incontáveis estações se passaram enquanto os treze se comprometiam com seu trabalho e a torre se tornava a maravilha prometida, subindo até arranhar o céu. A divindade-montanha estava paralisada e se deleitando com a adoração dos pedintes que apareciam para louvar a construção, que ele assumia como sua. Jhord e Odom, patronos da espionagem e dos segredos, ouviram e aprenderam tudo que podiam sobre os mais profundos segredos de Ghor, assim como sobre o mundo além da sua prisão.
Finalmente, os treze concluíram seu trabalho. Assim que assentarama última pedra na última torre, colocaram seu plano em ação.
Eles estilhaçaram as colunas abaixo da divindade-montanha, começando a implosão de Ghor. O ruído trovejante pôde ser ouvido por toda Kharg Drogun, à medida que a vida imortal de Ghor desaparecia em uma nuvem de poeira e pedras. Quando o ruído terminou, a maior montanha de Kharg Drogun jazia desmoronada, transformada em colinas tranquilas, perto do monumento que duraria mais do que ela. Essa era a Torre de Ghorfel, símbolo dos Grandes Patriarcas e coração do domínio dos deuses Rhúlicos.
Assim que Ghor caiu, monstros enormes da periferia de Kharg
Drogun invadiram, tentando tomar as terras para eles próprios. O Grande Patriarca Dovur forjou armas para confrontá-los, enquanto Uldar forjou armaduras para proteger seus irmãos. Dhurg, Hrord e Udo pegaram, respectivamente, machados, espadas e martelos para guerrear e proteger suas fronteiras.
Após ter lutado para conseguir uma era de paz, o GrandePatriarca Dohl — que estava minerando abaixo das ruínas de Ghor — descobriu um abismo infi nito. Informando seus irmãos
sobre isso, e se sentindo tomados pela curiosidade, os GrandesPatriarcas viajaram através dele e emergiram em Caen, a terra dos vivos. Ao testemunhar a proliferação da vida, eles foram inspirados a deixar sua marca no mundo, assim como a encontrar companhia para sua existência fraternal solitária.
Mesmo que tenham nascido da pedra, eles buscaram encontrarseus pares na terra e, assim, reuniram lamas ricas e férteis ao longo do Rio Ayeres, que fluía para aquilo que se tornaria o Lago Braçada-Funda entre os Picos de Vidro, e, dessa terra, moldaram as Esposas de Barro. Elas se tornariam as matriarcas do povo de Rhul, já que os Grandes Patriarcas e as Esposas de Barro deram à luz os primeiros anões, nos dias lendários do início do mundo.
Por um tempo, os Grandes Patriarcas e as Esposas de Barroviveram entre os primeiros clãs anões, que tiraram seus nomes dos seus progenitores divinos. Os Grandes Patriarcas passaram
o conhecimento e sabedoria que adquiriram durante e após suaescravidão. E, mais importante, eles entregaram os Éditos pelos quais suas vidas deveriam ser governadas. Eles incluem os aspectos básicos da cultura anã:

• O Édito da Autoridade, que define a hierarquia familiar no clã.• O Édito da Construção, estabelecendo a importância dosofícios e da construção.• O Édito dos Duelos, descrevendo o direito de resolver conflitosatravés do confronto físico.• O Édito das Rixas, com leis para conflitos maiores entre os clãs.• O Édito dos Juramentos, que define a importância das promessasem juramento.• O Édito da Posse, que dá a cada anão o direito de possuir oque eles criaram, negociaram, receberam gratuitamente ouvenceram através de um duelo ou rixa justa.• O Édito da Unidade, obrigando os anões a se unirem contraas ameaças externas.


A partir desses primeiros Éditos fundamentais, nasceu o Códiceque se tornaria o corpo legislativo do povo de Rhul, sendo o único registro ininterrupto que persistiu desde os tempos ancestrais até
os dias modernos. O Códice e seus Éditos se tornariam não apenasa fundação da sociedade rhúlica, mas também o texto sagrado pelo qual a sabedoria dos Grandes Patriarcas seria preservada.
Os Grandes Patriarcas sabiam que precisavam voltar para KhargDrogun, que deixaram desprotegida. As Esposas de Barro partiram com eles e, assim, os progenitores dos anões desceram nas cavernas abaixo da terra para voltar à Terra Abaixo, nunca pisando novamente em Caen. Seu legado estava garantido pelos prósperos clãs anões, começando com os treze mais diretamente associados a cada um dos Grandes Patriarcas, assim como pela proliferação de clãs menores que se desligaram dessas primeiras famílias para estabelecer dinastias entre os Picos de Vidro. Os Grandes Patriarcas eram lembrados pelo povo que eles criaram em missas e orações. Cada alma tinha a promessa de um lugar em Kharg Drogun após a morte, onde eles se juntariamaos seus progenitores na Torre de Ghorfel em uma eternidade dedicada ao refinamento de seu ofício.

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