quarta-feira, 26 de julho de 2017

Contos: O inimigo da vida

" ... Eu sou Kadosh, a vida encarnada, senhor da justiça, a luz no fim do túnel e pai da fé. E não esqueça, eu sou contigo! "



A nevoa fina estava rente ao chão, caixões estavam jogados a esmo pelo caminho e muito deles abertos, o céu escurecendo e mais ao fundo era possível ver a luz brilhando entre as nuvens. Um sinal de esperança.
O ar estava denso e eu sentia o cheiro da morte e do medo, aos poucos com cada pisar arrastando eu podia sentir que minha morte estava próxima. Mas esse dia não era hoje, pois não era à vontade dos Deuses.

-------------------------------------------------------

Um Coven de bruxos negros reuniu muitos fieis em um só lugar, mentindo e pondo esperança em todos, dizendo que Kadosh os salvaria do caos com sua poderosa luz. O lugar escolhido foi um cemitério, para que cada um ali pudesse olhar as lápides e refletisse que após a morte, neste plano ainda existiria vida. Mas com uma magia poderosa os bruxos drenaram a vida de todos os fieis para que com aquela quantidade absurda de oferendas vivas pudessem dar aos deuses malignos como sacrifício, e em troca recebessem a ressurreição de grande parte do cemitério e dos recentes mortos ao seu favor, para que se juntasse ao lich Oz.
Eles não tinham ideia de que a sua devoção as trevas, a quantidade de sacrifícios e magia negra gasta usadas, seriam suficiente para dar vida a um ser que estava jaz morto Naquele solo e trazer o maior titã que um dia existiu no mundo.
Naquele dia os bruxos sem querer devolveram a vida a Dratumb, um dos primeiros titãs elementares que já existiram. Senhor do fogo, herdeiro do caos e pai da escuridão...
Os magos já não estavam ali, seu trabalho já tinha sido cumprido e todos teleportaram temendo que algo pior acontecessem com eles.

-----------------------------------------

Meus pés estavam cansados, senti o chão tremer e pude ouvir muitos gritos de horror. Levantei minha cabeça que fitava o chão e pude contemplar o solo se levantar como uma cratera invertida- um buraco no meio e o solo crescer em volta -, assim formando um grande paredão em volta da criatura. Do meio ela se levantou, partes de si estavam em fogo e outras em escuridão, uma espada maior que até mesmo um castelo estava em sua mão. Pude sentir seu respirar seco, fazendo o ar enrubescer feito cinzas e sua escuridão cercava o seu redor, a sua volta tudo que estava morto ressuscitava em seu favor, até mesmo as árvores secas estavam saindo chão. Então ele olhou para mim...
De apenas meu olho direito escorreu uma lágrima, talvez o medo da morte que estava a minha frente, mas não era isso, não agora...
Então fechei meus olhos e caí de joelhos, e levei a mão direita até o simbolo divino que estava em meu colar, o sol. Símbolo de Kadosh, senhor da luz. Fechei os meus olhos por um breve momento e ouvi uma voz ecoar em minha cabeça:
- Por mais temido que o inimigo for eu não irei fraquejar, pois sou a luz na escuridão, o amanhã para os esperançados.... Sou a vida para justos, o abrigo para o cansado, sou a paz para o atribulado e amor para os órfãos. Eu sou Kadosh, a vida encarnada, senhor da justiça, a luz no fim do túnel e pai da fé. E não esqueça, eu sou contigo!
... Há morte não é o fim, é apenas o começo de uma nova jornada!

Com um grito que fiz ecoar por todo cemitério me levantei ainda pesado, então desembainhei a espada da minha cintura e pude sentir a força em meu espírito, pude sentir a vida dentro de mim, PUDE SENTIR O PODER DO MEU DEUS!!!

A criatura olhou para mim e dentro de seu elmo nada mais existia além de escuridão e dois pontos de chamas que eram seus olhos, ele levantou a cabeça e esbravejou uma gargalhada.
Repleto de fúria eu corri em sua direção apertando com toda força o punho da minha espada e com o escudo em minha frente, então gritei mais uma vez

- A LUZ TRARÁ A VITÓRIA!!!


------

Naquele dia eu me lembro de ter varrido todo tipo de criatura que estava na minha frente, as transformando em pó a cada golpe. Mas o que mais me recordo fora de quando estava perto da criatura, eu vi o alto de uma colina brilhar. E té mesmo o monstro parou para observar. Eu não pudia quase sentir meu corpo de tão cansado, mas daquele perto horizonte cavaleiros desciam com suas armaduras pesadas e capas azuis balançando ao vento: Para minha sorte, Os pacificadores, haviam chegado!

Essa foi a primeira vez que na vida que pude usar uma expressão muito antiga: A vitória vem a cavalo!
Daquele dia pude ter a prova viva que lá em cima, os deuses olhavam por mim.

---------------------------------

Obs: Pacificadores; Organização secreta que possuem os mais temidos clérigos e paladinos do reino, geralmente o seu foco sempre é levar a paz e a justiça à todo lugar do reino, nas situações mais eminentes de caos e guerra.

Nenhum comentário:

Postar um comentário