domingo, 5 de março de 2017

Contos: A guerra do sonhar

" E naquelas terras, os mais bravos sonhadores eram convocados para guerrear. Milhões deles. "


O mundo estava um caos em pleno 2017. Não era novidade as dificuldades pela qual passava-se os governos. Os roubos, as falcatruas e tudo que colocava os países cada vez mais na lama, enquanto outros, emergiam ou não deixavam de forma alguma o poder que sustentavam a tantas décadas. A noite caía na terra, humanos dormiam, espíritos lamentavam em seu eterno vagar, demônios deixavam seus aposentos para persuadir fracas mentes e assim, seguiam-se as vastas horas.
As mentes cansadas por trabalhos, estresses diários, problemas financeiros e familiares, bom, elas não faltavam, e encontravam-se até mesmo em maior quantidade que as mentes tranquilas. E por conta desta instabilidade, um acontecimento mais que incrível estava para acontecer. Um acontecimento que, nem humanos, nem quaisquer seres saberiam explicar, porém, estariam envolvidos, de uma forma ou de outra.

[...]

No Reino do Sonhar, Morpheus caminhava em lentos passos por seu Reino, vagando ao redor do castelo a qual lhe foi dado por seu pai, Hypnos. Algo naquele universo não estava correto, estava diferente, e ele sentia como se ele mesmo também o estivesse. Não era o único. Pois assim que seu olhar ergueu-se ao céu, um foco luminoso formou-se a aproximadamente cinco metros acima do solo e do mesmo foco emergiu uma figura alta e bela de um homem, trajando um manto branco e dourado. Seus cabelos eram agitados pela forte brisa que tomou conta daquela área com seu surgimento. O mal pressentimento não vinha apenas de Morpheus, pois Phantasos, o Deus dos Sonhos Fantásticos também estava ali, expressando o mesmo semblante de preocupação que seu irmão.

[...]

Em outras terras, nos vastos ermos do sonhar, uma figura alta e carrancuda vagava no salão de um castelo deploravelmente obscuro e imerso no mal. Urros eram ouvidos de almas castigadas por demônios, gemidos de Súccubus, Inccubus e almas privilegiadas que praticavam orgias por todos os cantos. Cenas sexuais contrastavam com cenas de tortura, morte e o mal odor pairava por todo o local, o cheiro de enxofre era forte. Mas para Phobetor, também conhecido como Icélos, o Deus dos Pesadelos, aquilo era comparável à um perfume francês. Phobetor caminhou até a sacada de seu castelo e observou os campos à frente do mesmo. Então, em um tom de voz gutural, exaltando a imponência do Deus-demônio sobre aqueles seres, ditou:

"Sou a consciência em ódio ao inconsciente,
Sou um símbolo encarnado em dor e ódio,
Pedaço de alma de possível Deus
Arremessado para o mundo
Com a saudade pávida da pátria...

Ó sistema mentido do universo,
Estrelas nadas, sóis irreais,
Oh, com que ódio carnal e estonteante
Meu ser de desterrado vos odeia!

Eu sou o inferno. Sou o Cristo negro,
Pregado na cruz ígnea de mim mesmo.
Sou o saber que ignora,
Sou a insônia da dor e do pensar!"

Abaixo, ouviu-se uma mancha negra urrar diante de seus domínios, iniciando sua marcha. Era semelhante a um encontro de milhares, ou melhor, milhões de formigas. Ao menos, era o que do alto parecia. Porém, na verdade, eram homens dos piores tipos, tais como pedófilos, estupradores, assassinos, e todos aquele os quais seus pensamentos negativos guiavam os espíritos condenados às terras do Pesadelo. À frente deles, marchavam as criaturas oníricas nascidas da própria essência do Lorde dos Pesadelos, os quais tratava como seus demônios, seus escravos. Guerreiros e seres trajando armaduras negras, carregando armas dos mais variados tipos. Era o exército do Deus-Demônio. E naquele momento, eles partiam para o combate...

... partiam para a Guerra.

[...]

Um flash aconteceu, imagens cortaram ao mesmo tempo os sonhos de milhões de seres humanos, espalhados por todo o mundo. Alguns sonhavam serem jovens de mantos negros, carregando varinhas de bruxo pelas mãos e gritando " Avada Kedavra ", dentre outros feitiços. Outros, elfos trajando armaduras douradas, com arcos nas mãos e humanos com vestes semelhantes, guiados por um mago de vestes e barba branca. E assim, muitos outros variavam. Naquelas terras foram inspirados Tolkien, C.S. Lewis, JK Rowling e muitos outros escritores fantásticos. E naquelas terras, os mais bravos sonhadores eram convocados para guerrear. Milhões deles.
Trombetas soaram, enquanto humanos dormiam no mundo real, e guerreiros preparavam-se para digladiarem em meio aquele gigantesco campo de batalha.

[...]

E diante do estandarte vermelho que representava o lado Bom do Reino dos Sonhos, os guerreiros emitiam seus gritos de guerra. Ali, não seria decidido o futuro de apenas um universo paralelo, mas sim de todos que o rodeavam. Estava tendo início um momento histórico...

A guerra pelo Sonhar...

havia começado.

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Conto próprio da taverna, sendo baseado no livro: Fios de Prata, de Raphael Draccon.
As palavras ditadas pelo  Deus-Demônio, pertencem ao autor -Fernando Pessoa.

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